quinta-feira, 11 de maio de 2017

Glicólise

eis uma noite de insônia, poderia eu dizer que não tenho nada que me preocupar, que a vida anda fácil e sorrateira e que eu não estou tropegando pelos cantos e pedindo arregos a cada esquina, mas não. Logo mais devo estra de pé, olho fundo meus olhos fundos no espelho, essas olheiras que tanto me doeram e hoje me definem, esse nariz que tanto odeie e hoje tenho afeição, esse rosto já tão costumeiro, esse expressão tão fora de si. Mas então me esqueço que logo devo estar de pé, por mais tropega que esteja, em pé, as cinco da manhã a fim de não me atrasar, a fim de cumprir meus objetivos, de estar vivendo, mais que existindo, afinal seguimos porque algo ainda há, se não houvesse eu já não seguiria, não estaria e não viveria. Eis que me pergunto onde erro e por que? Eis que no fundo eu já não enxergo nesses olhos fundos passível compreensão, eis que me sinto como Pessoa, quase sempre, em seu poema em linha reta, buscando em meio as gratidões infinitas de todos que se aceitaram em sua condição meramente humana, meros humanos, como eu tenho sido e por toda essa vida serei.

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