domingo, 28 de maio de 2017

Amor, essa é sua fita


E todo vez que você está por aí, aqui por perto, aqui na minha vida, apenas estando, eu nunca entendo, você entra e sai, você machuca e assopra e me traz todos os antídotos para que minhas dores se curem. Outro dia você volta e aperta minha nuca e me segura perto e eu estou intermitentemente me submetendo.
Você esfregava um livro novo no rosto, cheirava as paginas e sentia a textura das folhas, enquanto eu estava sentada aos seus pés lendo o mais novo livro de poemas favoritos. Eu sempre ali, sentada aos seus pés, eu que levantaria ao estalar de seus dedos e que lhe serviria com o corpo, como tenho feito duranta todas as vezes que aqui está. Eu, que não me orgulho, não me arrependo e não remeto nenhuma dessas ações.
Dizem que o amor não deve doer, eu creio ser verdadeira essa premissa. Mas sempre me pergunto o que me faz te buscar?  O que me faz querer por perto você? O que me faz gostar tanto dessa toxicidade? Desse vícios, da sua falta de respeito para comigo, com você, com o mundo?  Eu tenho medo.
Te ouvi dizer que eu não sei dizer te amo, mas que isso era seletivo, que eu não tinha medo de dizer que amava outra pessoa, que não tinha medo do amor da outra, mas tinha muito medo de me doar a você, que o problema era só você. Apenas e completamente com você. Pois você é errada, você não segue esse linha reta entre dois pontos, você as vezes esta tão fora de si que me pergunto o que há ai dentro que eu jamais saberei e você jamais saberá tudo que a minha cabeça, pensa, inventa, revive ou refaz. Isso permeia nossa vida no que menos tange ao outro, apesar de as vezes também pertence-lo.

Eu queria dizer que eu também sinto medo de dizer que a amo, mesmo que esse amor já perdure uma vida, mesmo que ele esteja latente, hora dormente, hora imperceptível. Que toda vez que isso termina eu tenho medo de soletrar essa frase, eu tenho medo de dizer, para mim dizer que amo é como me dar de bandeja, como abrir aquele rombo e largar na mesa o coração, as vísceras, é como se partir em duzentos pedacinhos e voltar. Eu digo que amo, quando eu realmente amo, antes disso jamais, antes do amor existe essa coisa, isso que a gente vive, no limbo de amar-te e no limbo de doar-se. O limbo liquido dos tempos modernos, onde ninguém se frusta e não há a dor. Amar não doí, mas a entrega pode doer, entregar-se pode ser doloroso, impiedoso, pois a gente trabalha tanto em quem a gente é, a gente busca tanto se erguer, se reerguer, se restabelecer e se amar, entregar isso tudo de si pode ser penoso, dificultoso e há que se pensar.

Servir-te não é amar-te, é menos ainda amar-se. Há um quê de egoísmo em te servir, em te dar, em ser esse pessoa que vai ao seu encontro, que busca submeter-se, isso porque não há retidão nesses meus atos, eu apenas quero extravasar essa energia densa que as vezes me acomete. Mas devo dizer realmente que não te amo ou devo pensar esse submeter-se como uma forma disfuncional de amar, ainda sim amor?  Eu só queria hoje, que apesar disso, você ficasse, que me estendesse os braços e que me acorrenta-se em alguma parte sua. Eu queria hoje ter seus cabelos no meu lençol e seu cheiro em minhas roupas, assim como queria ter sua cabeça assim, bem assim apoiada em meu peito para que eu pudesse beijar-te os olhos, a boca, os cabelos e descer.

Perguntei ao baralho de tarot, com a mais pura energia da alma, se eu haverei um dia de deixar de amar, a resposta foi a carta do Enamorado, onde no presente o amor cega meu discernimento.
De agora para o mais longínquo futuro, o amor estará sempre cegando meu discernimento, pois ser racional é não amar. Para mim, sendo correta ou não a suposta premissa, o amor vai doer ainda mais um tanto, até que meu coração se acomode no canto do coração do outro e eu entenda o real significado de amar nessa Terra.

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