domingo, 30 de abril de 2017

Eclética

ABRIL/2017

- Hallelujah - Leonard Cohen
- Felling Good - Nina Simone
- I Put Spell On You - Nina Simone
- Bohemian Rhapsody - Queen
- Love of My Life- Queen
- Under Pressure - Queen
- Redemption Song - Bob Marley
- Bufalo Soldier - Bob Marley
- Off To The Races - Lana Del Rey
- High By The Beach - Lana Del Rey
- Love Will Tear Us Apart - Joy Division
- Atmosphere - Joy Division
- She's Lost Control - Joy Division
- Disorder - Joy Division
- Lullaby - The Cure
- Blue Monday - New Order
- Enjoy The Silence - Despeche Mode
- You Only Live Once - The Strokes
- Liability - Lorde
- Royals - Lorde
- Where My Mind? - Pixies
- You're My Sunshine - Johnny Cash
- Big Rock Candy Mountain - Harry Macclintock
- Andança - Beth Carvalho
- Mulher do Fim do Mundo - Elza Soares
- Maria da Vila Matilde - Elza Soares
- Pra Fuder - Elza Soares
- Triste, Louca ou Má-  Francisco, el Hombre
- Preciso Me Encontrar - Cartola
- Sina - Djavan
- Debaixo d' Caracóis- Caetano Veloso
- Oração ao Tempo - Caetano Veloso
- Sangue Latino - Secos e Molhados
- O Bêbado e o Equilibrista - Elis Regina
- Perfume do Invisível - Céu
- Você Partiu Meu Coração - Anitta, Nego do Borel e Safadão
- Ojos Color Sol - Calle 13
- Vuelta al Mundo - Calle 13
- Pa' Norte - Calle 13
- Orishas - A Lo Cubano
- Besame Mucho - Perotá Chingo
- Paloma Negra - Perotá Chingo
- Volver a Los Diecisiete - Mercedes Sosa



quinta-feira, 20 de abril de 2017

Don't walk away, in silence

Você sempre acha que para mim não faz nenhuma diferença, está sempre tratando tudo isso com descaso e com aquele ar de soberba e deboche, é sempre assim quando se trata de nós, disso que a gente passa. Por certo tenho uma parcela grande de culpa nisso tudo, você sempre acha que eu não me importo, que eu realmente não me importo, isso é por que eu não vou atrás, eu não insisto, eu não te chamo, eu não suplico e não demonstro. Mas eu sinto, eu sinto muito, sinto quando você não vem, quando não fala, quando finge que nada nunca esta acontecendo, quando para você nem sua própria vida realmente importa. Eu sinto.

Eu só não sei mais demonstrar com tanta intensidade, eu só não sei como fazer isso acontecer, como estar perto sem abrir um rombo em meu peito, por onde irão escapar todas coisas de mim que não quero, todas as coisas de mim que não sou, que sou, que não quero ser, que pretendo de ser. Um rombo tão grande que por algum descuido eu escape e comece a me confundir com você, comece a me tropeçar em quem é você, comece por fim a não me ver sem você. Eu não saberia andar na rua sem ser em sua presença, eu não saberia acordar sem ser ao seu lado e não saberia viver sem ser sob seu atento olhar. Eu correria atrás de quem é você por todas as salas e lugares e espaços e vidas até estar por perto. Esse rombo deixaria vazar a mim, minha história, meus sonhos. E ficaria ali exposto tudo isso que sou, todas as feridas abertas, todos os passiveis locais dolorosos onde você toca tão sem perceber e mesmo quando não há rombo nenhum no peito, dói. Mesmo que não haja feridas abertas, mesmo que um tecido duro, resistente e massudo tenha unido tudo isso, todas as partes. Mesmo com um escudo de concreto, alguns toques seus doem, a falta deles dói ainda mais.

Acontece que a gente nunca quer lembrar, mas um dia você vai embora e eu vou ter de ficar secando a enxurrada de coisas abertas, rotas e soltas que você irá deixar quando for. Porque por mais que queira percorrer salas, lugares, espaços e vidas atrás de você, eu já estarei tão sem tempo, sem saco, sem brio para lidar com tudo isso, vou apenas soltar sua mão, você vai e eu fico de peito aberto, roto, solto, tentando novamente estancar a insanidade de mim.

Eu queria que fossemos leves como qualquer dia ensolarado em Ubatuba, Peruíbe ou Arpoador, mas isso não somos nós, nós somos os inferninhos da Augusta, um corredor de motos e um banco de praça no meio da chuva. Nós somos Atmosphere ao fundo enquanto alguém recita Schopenhauer (respectivamente uma banda que você adora e um cara que você idolatra), nós somos uma noite de domingo, somos Réquiem para um Sonho enquanto todos os outros parecem ser  Pequena Miss Sunshine.

Eu sinto e quero que saiba a cada dia que abrir os olhos que eu sinto e se não digo, se não sei dizer o quanto há desse sentimento em mim, se de minha boca não saem essas palavras que você quer ouvir é porque eu preciso aprender ainda, aprender como amar essa loucura, como manter a mente sã, como levar a vida e como finalmente poder te amar sem medo de me perder.



quarta-feira, 19 de abril de 2017

Clara

é o futuro, ao menos se parece o futuro. Flora volta de Pelotas numa van colorida, quem dirige é o menino Mateus, que não se chama Mateus nessa realidade. Flora traz consigo a Sol e pela primeira vez Sol e Eva se encontram, esta frio e ambas usam casaquinho listrado, Sol usa um casaquinho azul escuro com listras brancas e Eva usa um casaquinho branco com listras azuis. Elas se tornam muito amigas e passam a dividir a mesma caminha. Nesse momento estamos nós todos na casa antiga de meu tio Reginaldo, as crianças ainda são pequenas, João tem cerca de dois anos e brinca com a cachorras. Nesse momento o até então futuro se torna uma lembrança da minha infância, eu e Marcela estamos juntas, brincamos e contamos coisas da vida uma para outra, paralelamente Flora segue sendo adulta e estando preparando as coisas para partir na van colorida, saio da casa e sou adulta também, cumprimento o menino Mateus, que não tem esse nome e nem se parece com ele fisicamente, mas tudo bem, fico feliz de estar conhecendo-o naquela noite, está frio e tomamos quentão enquanto esperamos a lua crescer no céu. Sol e Eva brincam e a noite segue escura, o único lugar iluminado é a casa e nela as crianças ainda são pequenas e eu também sou, então não quero voltar lá para dentro, prefiro ser adulta, ter a Flora por perto e sentir o frio da noite sem lua. Escolho estar no futuro.

...

separo as coisas da Flora para encher a van, ela saiu e Mateus (não Mateus) me ajuda a arrumar a van para partimos para qualquer lugar ainda mais futuro, eu pegaria uma carona com eles, há também outro carro e Flora iria guiar um deles, aparentemente seria uma viagem longa. Entro na casa novamente e tudo esta como no passado, o quarto dos meus primos é como era quando o João nasceu, há ursinhos na parede e um fundo bege, a cama de casal fica bem no meio e a banheira do João está do outro lado, vejo os brinquedos da Marcela e bola cor de rosa fajuta que fez tantas vezes a gente brigar, olho para o espelho e aquela sou eu aos cinco, estou nua e minha tia havia acabado de me dar banho, é uma imagem de algo que realmente aconteceu, algo que eu realmente me lembro, a gente tomava banho juntas e tínhamos corte de cabelo igual. Saio da casa e a varanda é o presente, a varanda está como agora, depois de todas as reformas. Sento e a menina da série coloca a cabeça no meu colo, ela se parece Lola e Nabila simultaneamente, mas logo passa a ser só Lola e eu a aperto muito e sinto coisas estranhas e amores ao beijar seus cabelos e começo a dizer a Lili, Marcela e Flora que se ela morresse eu iria querer morrer junto. Ela esta com a cabeça no meu colo e olho em seus olhos verdes tão profundamente e sinto muito carinho por ela, beijo seus olhos, cabelos, bochechas e boca diversas vezes e ela fica sorrindo e me olhando nos olhos. Logo volto a arrumar as coisas da Flora, há dentre essas coisas, anéis e um sabonete em formato de coração, que lembro de alguma parte de minha vida, mas não me lembro qual, ele é de glicerina e tem o cheiro da Flora e flores secas dentro.

...

estou com Lola no apartamento em algum lugar que não é São Paulo, parece muito São Paulo, mas não é, é um lugar nenhum de nenhum lugar aparentemente, provavelmente algum cenário reutilizado de sonhos mais antigos, pois se parece muito com algum outro lugar que eu conheço. O chão é de mogno, os moveis são de mogno, há gavetas, balcões e armários, há duas grandes janelas panorâmicas. A tv está ligada em algum jornal, que informa em meio a muitas noticias o suicídio de uma moça jovem em São Paulo, paro o que estou fazendo para ver, sento no chão e vejo aparecer a foto da Nanda, não acredito no que estou vendo, me recuso, a imagem que vem em seguida é uma garota dependurada numa sacada, suspensa por um fio de alta tensão, desses bem grossos. A imagem me atormenta, me jogo no chão e começo a chorar desesperada, choro muito. Não consigo me mexer e grito muito, Lola tenta me acalmar e nada adianta, sigo sem conseguir me mexer e gritando muito, sinto uma dor horrível pelo corpo todo, como se tivessem me matando.

...

aperto forte a mão de Kaio depois de buscar noticias da Nanda pelo Facebook, começo a chorar novamente, mas ele não parece abalado com a morte da esposa, diz que essas coisas acontecem, eu berro e sinto um desespero imenso, me imagino morrendo e desejo que tudo não passe de um sonho horrível.

...

saímos com a van, passamos por lugares lindos,lagos, flores e terras coloridas. Morros, montanhas e cordilheiras, chegamos em uma casa diferente, há muita gente, agora estou com Javiera, uma garota de cabelos curtos, sinto por ela o mesmo que sentia por Lola na segunda parte do sonho, não estou sentindo nenhuma dor e a acho linda, fico admirando a beleza dela, olhando o tempo todo, ela é a líder de qualquer coisa que esteja acontecendo por ali, uma moça negra linda dança com uma roupa colorida, ela tem cabelos dourados e estamos muito perto de um lago, tudo é colorido e o sol incide de uma forma maravilhosa em todos os lugares e nas pessoas que riem e bebericam líquidos coloridos e comem frutas, há muita felicidade e não há dor. Parece uma festa e ao mesmo tempo um movimento, uma intervenção, uma reunião de movimento estudantil. Esta entardecendo e recebo a noticia de que minha irmã havia nascido, peço a van emprestada para ir até lá ver o bebê. Saio e de repente minha tia avó está no sonho, para chegar a van passo pelo lago, numa parte mais funda minha tia cai e começa a se afogar, deixo o rosto dela para fora da água turva e a levo para a margem, ela parece pequena e frágil, está desnorteada e confusa. A tiro da água e alguém a embrulha em um fralda, ela é pequena e frágil, um moça aparece e leva a tia para casa dos meus pais, estamos na curva do Fernando Pantaleão, perto da casa dos meus pais. Alguém está com a bebê no colo, parece minha mãe, porém mais nova, em algum momento do passado, a bebê não se parece comigo, é branca e não tem cabelo, os olhos são bem castanhos e expressivos. Eu fico feliz com a bebê, subo até a casa e encontro a Javiera lá, sorrindo. Tenho que escolher o nome da minha irmã e vejo que a moça é bem parecida com a bebê. Chamo-a e beijo a testa dela, dizendo que a menina vai se chamar Clara em homenagem a ela. Era Clara Javiera a moça, ela fica muito feliz e saímos rindo do local.


Acordo e vou ver a última vez que Nanda esteve online no whatsapp, a chamei e ela estava em aula e não pensava em suicídio.



domingo, 2 de abril de 2017

Redatora

Esse post tem um único intuito, o de deixar registrado que há seis meses Anelise, essa pessoa que vos fala sustenta uma paixonite platônica ( aqui leia-se hiper platônica, impossibilíssima) por uma moça de cabelos vermelhos residente em São Paulo, que indica livros incríveis e tem um ar tão mórbido e estranho que me faz querer gritar. Mulher, eu acho que nunca sustentei uma paixão tão avassaladora e impossível por alguém que eu mal conheço. Obrigada por existir nessa sua estranheza e encher minha imaginação de causos impossíveis. Fim.

dos planos

Pausa para um fim de semana onde nada ocorre, a não ser aqueles pensamentos, aqueles que enchem a nossa cabeça de dúvidas e desesperos. Essa casa parece pequena, suja, mal decorada, parece tudo que eu não gostaria de ter nesses dias, eu pareço pequena, suja, mal vestida, pareço tudo que não gostaria de ser nesses dias. São quarenta e oito horas de nada, nada para todos os lados, apenas um grande e insano nada, que ser for insano de fato, nada deixa de ser. Pausa para lembrar que você esteve aqui e que eu recebi aquele convite irrecusável para estar junto de ti, eu paro porque preciso pensar e estou sempre tentando colocar tudo no lugar. Tolinha, no fundo eu sei que esse caos aqui sou apenas eu mesma e que ordenar isso no momento de agora é quase impossível. Melhor deixar tudo para lá, para depois, para o futuro que sabe-se lá quando chega. Mas eu sempre esqueço que amanhã já futuro e também já é o agora e tudo que eu arrastei até ali vai dar um jeito discrepante de bater na minha cara, gritando OIIIIIIII, EU TÔ AQUI!.
...

Uma reflexão imensa sobre todos os anos de curso, o arraste significativo até a minha formação profissional, pessoal, sindical, professoral, gradual, oi? É, é sobre isso mesmo a graduação e seu famigerado fim, onde no caso eu deixo de me definir como estudante e passo  a ser uma profissional sem emprego. Onde finalmente eu completo 24 anos sem ter nada do que eu nos meus tempos áureos de infância havia planejado para essa idade. No plano da vida, aquele que todos fazem, mesmo que inconsciente, mesmo que negando até o fim, Aos 25 eu era uma profissional bem sucedida, que usaria talvez umas belas roupas sóbrias e camisetas sociais com belos sapatos de salto fino. Aos 25 eu era além de bem sucedida profissional, uma mãe de primeira viagem, cujo filho ia ser belo, rechonchudo, de bochechas rubras e cabelos pretos lisos, todo trabalhado no método montessoriano, comendo papinha orgânica e ouvindo música clássica para dormir. Aos 25 eu teria um belo apartamento/casa, com hortas suspensas nas varandas e comida cara nos armários. Eu teria aulas de yoga e tatame oriental num quarto sóbrio. Aos 25 eu teria uma companheira igualmente bem sucedida e toda trabalhada no padrão de beleza ocidental, ela possivelmente seria um pouco rica e teria um escritório de qualquer coisa no centro da cidade, que podeira ser Porto Alegre, São Paulo ou Paris. Aos 25 eu viajaria para fora do país anualmente, teria conhecido metade da América e claro, teria realizado com maestria aquele mochilão planejado. Bem, ainda são dois anos para os 25, dois curtos e fugazes anos, porque desses últimos tempos para cá venho notando que o tempo salta não passa, você pode parar um pouco e quando vai ver já é julho e de repente já é natal e de repente você tem 50, logo você já nem é mais matéria na Terra, dois anos são nada nesse nosso cenário politico/social.  Dois anos não passam de uma mísera poeira de tempo desse universo