domingo, 2 de abril de 2017

dos planos

Pausa para um fim de semana onde nada ocorre, a não ser aqueles pensamentos, aqueles que enchem a nossa cabeça de dúvidas e desesperos. Essa casa parece pequena, suja, mal decorada, parece tudo que eu não gostaria de ter nesses dias, eu pareço pequena, suja, mal vestida, pareço tudo que não gostaria de ser nesses dias. São quarenta e oito horas de nada, nada para todos os lados, apenas um grande e insano nada, que ser for insano de fato, nada deixa de ser. Pausa para lembrar que você esteve aqui e que eu recebi aquele convite irrecusável para estar junto de ti, eu paro porque preciso pensar e estou sempre tentando colocar tudo no lugar. Tolinha, no fundo eu sei que esse caos aqui sou apenas eu mesma e que ordenar isso no momento de agora é quase impossível. Melhor deixar tudo para lá, para depois, para o futuro que sabe-se lá quando chega. Mas eu sempre esqueço que amanhã já futuro e também já é o agora e tudo que eu arrastei até ali vai dar um jeito discrepante de bater na minha cara, gritando OIIIIIIII, EU TÔ AQUI!.
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Uma reflexão imensa sobre todos os anos de curso, o arraste significativo até a minha formação profissional, pessoal, sindical, professoral, gradual, oi? É, é sobre isso mesmo a graduação e seu famigerado fim, onde no caso eu deixo de me definir como estudante e passo  a ser uma profissional sem emprego. Onde finalmente eu completo 24 anos sem ter nada do que eu nos meus tempos áureos de infância havia planejado para essa idade. No plano da vida, aquele que todos fazem, mesmo que inconsciente, mesmo que negando até o fim, Aos 25 eu era uma profissional bem sucedida, que usaria talvez umas belas roupas sóbrias e camisetas sociais com belos sapatos de salto fino. Aos 25 eu era além de bem sucedida profissional, uma mãe de primeira viagem, cujo filho ia ser belo, rechonchudo, de bochechas rubras e cabelos pretos lisos, todo trabalhado no método montessoriano, comendo papinha orgânica e ouvindo música clássica para dormir. Aos 25 eu teria um belo apartamento/casa, com hortas suspensas nas varandas e comida cara nos armários. Eu teria aulas de yoga e tatame oriental num quarto sóbrio. Aos 25 eu teria uma companheira igualmente bem sucedida e toda trabalhada no padrão de beleza ocidental, ela possivelmente seria um pouco rica e teria um escritório de qualquer coisa no centro da cidade, que podeira ser Porto Alegre, São Paulo ou Paris. Aos 25 eu viajaria para fora do país anualmente, teria conhecido metade da América e claro, teria realizado com maestria aquele mochilão planejado. Bem, ainda são dois anos para os 25, dois curtos e fugazes anos, porque desses últimos tempos para cá venho notando que o tempo salta não passa, você pode parar um pouco e quando vai ver já é julho e de repente já é natal e de repente você tem 50, logo você já nem é mais matéria na Terra, dois anos são nada nesse nosso cenário politico/social.  Dois anos não passam de uma mísera poeira de tempo desse universo

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