quinta-feira, 20 de abril de 2017

Don't walk away, in silence

Você sempre acha que para mim não faz nenhuma diferença, está sempre tratando tudo isso com descaso e com aquele ar de soberba e deboche, é sempre assim quando se trata de nós, disso que a gente passa. Por certo tenho uma parcela grande de culpa nisso tudo, você sempre acha que eu não me importo, que eu realmente não me importo, isso é por que eu não vou atrás, eu não insisto, eu não te chamo, eu não suplico e não demonstro. Mas eu sinto, eu sinto muito, sinto quando você não vem, quando não fala, quando finge que nada nunca esta acontecendo, quando para você nem sua própria vida realmente importa. Eu sinto.

Eu só não sei mais demonstrar com tanta intensidade, eu só não sei como fazer isso acontecer, como estar perto sem abrir um rombo em meu peito, por onde irão escapar todas coisas de mim que não quero, todas as coisas de mim que não sou, que sou, que não quero ser, que pretendo de ser. Um rombo tão grande que por algum descuido eu escape e comece a me confundir com você, comece a me tropeçar em quem é você, comece por fim a não me ver sem você. Eu não saberia andar na rua sem ser em sua presença, eu não saberia acordar sem ser ao seu lado e não saberia viver sem ser sob seu atento olhar. Eu correria atrás de quem é você por todas as salas e lugares e espaços e vidas até estar por perto. Esse rombo deixaria vazar a mim, minha história, meus sonhos. E ficaria ali exposto tudo isso que sou, todas as feridas abertas, todos os passiveis locais dolorosos onde você toca tão sem perceber e mesmo quando não há rombo nenhum no peito, dói. Mesmo que não haja feridas abertas, mesmo que um tecido duro, resistente e massudo tenha unido tudo isso, todas as partes. Mesmo com um escudo de concreto, alguns toques seus doem, a falta deles dói ainda mais.

Acontece que a gente nunca quer lembrar, mas um dia você vai embora e eu vou ter de ficar secando a enxurrada de coisas abertas, rotas e soltas que você irá deixar quando for. Porque por mais que queira percorrer salas, lugares, espaços e vidas atrás de você, eu já estarei tão sem tempo, sem saco, sem brio para lidar com tudo isso, vou apenas soltar sua mão, você vai e eu fico de peito aberto, roto, solto, tentando novamente estancar a insanidade de mim.

Eu queria que fossemos leves como qualquer dia ensolarado em Ubatuba, Peruíbe ou Arpoador, mas isso não somos nós, nós somos os inferninhos da Augusta, um corredor de motos e um banco de praça no meio da chuva. Nós somos Atmosphere ao fundo enquanto alguém recita Schopenhauer (respectivamente uma banda que você adora e um cara que você idolatra), nós somos uma noite de domingo, somos Réquiem para um Sonho enquanto todos os outros parecem ser  Pequena Miss Sunshine.

Eu sinto e quero que saiba a cada dia que abrir os olhos que eu sinto e se não digo, se não sei dizer o quanto há desse sentimento em mim, se de minha boca não saem essas palavras que você quer ouvir é porque eu preciso aprender ainda, aprender como amar essa loucura, como manter a mente sã, como levar a vida e como finalmente poder te amar sem medo de me perder.



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