quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

lie's anatomy

Há três partes de mim envolvidas quando se trata das mentiras, medo, arrependimento, palavras.

Bom, a primeira me causa uma insegurança, o medo de ser descoberta, esse persiste durante muito tempo e é só eu me ocupar com algo do presente ou focar em uma invenção do futuro que por instantes esse medo se esvai, basta eu confrontar a mentira outra vez e o medo volta com tudo, ossudo e truculento "oh,oh,oh, vou te tirar a paz" ele diz calmamente, "oh,oh,oh, sou seu fruto" ele clama, "você é a única responsável por mim".

O segundo medo é o arrependimento, não por medo de ser descoberta e sim por me sentir mal por mentir, principalmente quando é alguém que amo, como família e amigos, hoje foi com ela e a de hoje foi a que trouxe maior remorso em relação a isso, o segundo medo é o da confiança perdida pelas pessoas que amo. Pois me sinto o pior tipo de gente quando minto para alguém amado, pois não consigo justificar e já não posso desmentir, o que esta feito, esta feito. Hoje vi nos olhos dela que ela seguia  botando fé no que eu dizia, no fundo meu peito gritou e eu quis dizer "É UMA CILADA BINO", mas essa parte de mim se resignou e atendeu ao dominante e mentiroso outro eu. Em segundos o medo pesado e truculento já arrombava as portas.

Jess, uma tarde, apôs me foder lindamente, ficou por alguns minutos me olhando nos olhos, naquela época eu já sentia algo por ela e tentava entender porque, sendo que já sabíamos que seria só sexo, eu vi que ela se parecia com a primeira, no jeito de falar, de agir, até a forma como conduzia o carro, fecho os olhos e é como se eu a ouvisse falar novamente. Ela me disse aquele dia " você é uma menina perigosa", perguntei porque e ela me respondeu "você mente". Eu quase nunca paro para ponderar o aporte moral da mentira, faço por auto preservação, creio eu. Acho que eu surtaria se começasse a pensar seguidas vezes nesse arrependimento de mentir e seguir mentindo e tentar muito, muito, muito e não conseguir controlar isso. Euforia me leva a mentir, insegurança também, disforia se apertar um pouco pode desencadear uma mentira, o ápice da mania, quando já nenhuma automutilação resolve, quando as pernas e braços já estão completamente lesionadas, ela escapa como um último suspiro para atingir ao deleite, uuufff, ela sai;

Não pense que eu sinto prazer em tudo isso, não, eu apenas não consigo controlar as vezes, ou me faço crer nisso, de ambas as formas preciso encontrar uma forma de fazer com que as crises de mania não se tornem mentiras e que as depressivas não me tornem psicóticas, dois comprimidos de valeriana officinalis, seguido de chás de qualquer outra coisa e a eterna escrita, as palavras me soterram as vezes, elas  e apenas precisam sair e precisam sair logo, com presa, com fúria, como uma iminente explosão e quando saem é mais um alivio momentâneo que um deleite descomunal.

Palavras, mentiras, você, eu, eu, eu,  sigo tentando manter o curso e ponderar a vida, hoje foi esse pequeno golpe, mais pensamentos, mais medos, mais incertezas, amanhã, logo cedo não haverá tempo para isso.

me desculpe por toda essa bagunça interna. eu não posso te ajudar.

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