sábado, 10 de dezembro de 2016

step

Eu queria as vezes, bem no fundo de mim, entender o por que tudo isso ocorreu assim, por que as coisas transcorreram dessa forma, por que da insegurança e por que essa necessidade de mentir. Eu não me orgulho de nada disso, paro para pensar e vejo que me causei muitos problemas, coisas que eu poderia ter evitado se tivesse sido apenas eu mesma desde o começo, mas como ser apenas eu mesma se algo de mim parece quebrado e em constante reforma? Sempre tive uma personalidade forte, em questão de ser geniosa e eu tinha absoluta certeza que sabia o que queria e onde queria chegar, doce ilusão, dois passos e já me perco e já não tenho ideia de quem sou e por que estou vivendo. Tem dias que sou tomada de uma clareza tamanha que parece que tudo irá fluir docentemente, as vezes essa clareza some e tudo fica turvo, escuro e novamente um passo e já estou perdida dentro de mim. Hoje foi essa dia, um dia turvo, chuvoso onde eu mal podia sair de um sonho e quando acordei passei novamente o dia em ócio apenas olhando tudo, como medo de levantar, com medo desses pensamentos voltarem. Eles sempre voltam. Acho que quem diz que arrependimento não mata, não conhece ao certo o sentimento que isso traz, arrepender-se é morrer diariamente, como um fumaça tóxica que não se pode tragar, mas que não se pode soltar, é como se ficasse um pedaço horrível sempre no passado e hoje todo movimento de cura, parece inútil. Eu queria me livrar de tudo isso, pois tem dias que fica pesada demais a carga, eu sei que ainda falta muito para que eu fale abertamente sobre todas essas coisas que me machucam tanto.

A mentira veio em minha vida como uma forma de suprir algo, tento entender o que deu de errado nesse sentido, mas não consigo encontrar a ponta de tudo isso, é como se faltasse um pedaço da minha história, um momento onde tudo desanda e onde essas mentiras começam, mas por mais que eu revire a mente em busca disso não consigo encontrar. 
Insegurança e um sentimento grande de inferioridade podem explicar algo, mas ainda é pouco, pois onde isso surgiu? Onde eu deixei de confiar nas pessoas, no mundo e em mim mesma? Como se deu esse processo e principalmente por que se deu? Eu compreendo que episódios de mania são recorrentes e eu tento ao máximo contorna-los, entre todas as manias a que me trouxe mais prejuízo até esse momento é essa, a mentira, essa que tento com todas as forças impedir e que por mais que hoje eu a controle, não posso refazer as coisas que já aconteceram e as histórias que já foram ditas e retidas e que formaram algo que talvez hoje eu não possa controlar. 

Essa forma de criar uma dependência com quem eu me relaciono, também me assusta demais, eu sempre soube que talvez precisasse de alguns anos para me arriscar em uma nova relação e por mais que eu tenha deixado alguns desses anos passarem, algumas sintomáticas continuam as mesmas, a dependência, a insegurança e o medo da rejeição. Por que eu não consigo lidar com isso? Por que as coisas parecem tão difíceis de serem sanadas as vezes? 

Quando criança, minha mãe disse uma vez que eu não devia depender de homem nenhum, que devia ser dona de minha própria vida, mas ao mesmo tempo que me sinto muito segura em relação a tantas coisas, estou sempre precisando do aval de alguém para seguir com a vida, como se precisasse de uma aprovação, como se precisasse mostrar algo grandioso à alguém. Quando passarei a viver por mim mesma? Até ontem estava satisfeita com o presente e hoje me acertam com todas essas duvidas, uma parte de mim nunca fica contente, nunca esta feliz e nunca se sente satisfeita, enquanto outro eu luta para manter tudo sob controle e luta para que eu tenha autonomia sobre meus pensamentos. Me reparto nessa dualidade e sinto como se fosse duas em uma só. Aquela que quer mudança e a que diz que está tudo bem, a que quer liberdade e que diz que preciso sempre da aprovação do outro, a que busca autonomia e a que é uma puta submissa, a parte madura que lida bem com tudo e que se desespera quando não tem uma mensagem respondida. 

A sensação que tenho é que sempre que resolvo algo de mim, outra questão aparece, com o intuito descarado de não me deixar viver em paz, eu apenas queria que tudo isso parasse por instante, mas estou aqui e isso é o único que sei fazer, ir caminhando. Como outro dia que tudo parecia resolto e onde eu parecia ter me entendido com esse planeta onde moro, uma hora essa sensação volta e talvez a vida seja isso mesmo, cheia de dúvidas e arrependimentos. 

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