sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

https://www.youtube.com/watch?v=GhZg3uFaoKc

I don't remember you
Chega ao fim, em breve esse ano esta acabando. São muitos dizendo que 2016 foi um ano ruim, há uma mania louca, de gente ensandecida que todo fim de ano começa a compartilhar coisas sobre a obscuridade do ano vivido, dos últimos quatro esse ano foi importantíssimo, houve anos imensamente tristes, anos muito felizes e anos insanos, esse foi o ano das grandes decisões. Tem sido ainda, sinto que esses últimos dias trarão plus de bonnes choses e confesso esperar por isso. O coração acelera e eu só tenho a agradecer a mim mesma por ter conseguido, tenho que parabenizar cada sinapse minha, pois posso dizer que eu consegui. Eu realmente não sei exatamente o que eu consegui, mas como me sinto hoje, como me senti ontem, como tudo vem fluindo, quando paro e traço uma linha entre o passado e o presente vejo que sim eu consegui. Passei pela depressão, os medicamentos, a provação, o desamor e uma tristeza profunda. Consegui levantar da cama todos os mais difíceis dias, as vezes fui me arrastando, mas fui. Aceite quem eu sou, quem fui e planejo quem quero ser, buscando melhorar, buscando conhecer e buscando instruir da melhor forma possível.

Eu não dormi bem esse ano, conheci medicamentos que nunca havia ouvido falar, princípios ativos que nem imaginava, plantas, substancias e cogumelos. Conquistei lugares que jamais havia visitado e pessoas que me tiraram de uma zona confortável no meio da bagunça de mim. Estive uma madrugada olhando o mar, Barra do Una, Litoral Sul de São Paulo, ao meu lado uma moça que havia acabado de voltar da Inglaterra, do outro biólogos e colegas, a frente o mar. Um show de luminescência atingiu meus olhos e eu descrente de tudo o que eu fazia, com dúvidas de todos os tipos, vi o mar pipocar de azul neon enquanto eu pisava na areia, enquanto eu corria, enquanto eu pulava na água. Estive uma madrugada olhando o céu, uma Republica lotada de carros abaixo, uma Av. Ipiranga cheia de luzes amarelas e brancas e o céu lá intacto e imenso sobre nossas humildes cabeças. Estive nas montanhas, vendo a pequena Guaratinguetá de longe, com seus tons cinzas e o céu rosa cobrindo a tela, como um pastel borrado nas laterais, como um grande borrão de salmão no fundo bege. Eu estive lá e eu vi com meus olhos o tempo metamorfoseando todas as coisas a minha volta.

Eu estive lá na frente sendo ouvida por meninos e meninas de quem eu pouco sabia e por quem eu gastaria toda minha energia se fosse possível, estive ouvindo histórias, aprendendo e ouvindo sons. Eu estive lendo e estive presente no agora, como nunca ousei estar desde que me ausentei completamente da minha própria vida. Esse ano eu estive, eu descobri que estar não é apenas acordar todos os dias e fazer tudo automaticamente, ou imaginar tantas coisas, ou ficar revivendo passados e criando hipóteses de coisas que já deixaram de existir, estar é você engolir um café e observar o gato brincar na sala, estar é virar a noite preparando aulas e pensando com qual humor você encontrará os alunos, estar é lavar o rosto com água fria, fazer ovos mexidos para o café da tarde, estar é viver na minha própria vida. Era eu lá apresentando meus artigos, era eu correndo atrás do tempo, mostrando para ele, que é bom que escorra mesmo, que eu quero viver esse momento eternamente, mas seguir em frente ainda, todos os dias, fui eu que decidi deixar drasticamente tanta coisa que eu considerada ruim em mim, mas não conseguia me afastar, é difícil se afastar de si mesmo as vezes. Eu estive in underground de quem eu sou e conheci mil e um lugares insanos dentro de minha própria mente, entendendo assim coisas de mim que eu já mais veria. Eu tomei controle dos meus pensamentos e das minha ações, ainda há um arrependimento de coisas, ainda há muitas feridas perdidas por ai, muitas ruas a serem percorridas dentro da minha formação como ser humano, mas eu perdoei a mim mesma esse ano. 

As grandes decisões, seguir ou não meu instinto, ouvir ou não meu coração, agir racionalmente? 

Eu estive na sua cama, olhando seu rosto durante quase um ano, alguns dias eu estive em meu quarto olhando outros rostos e conhecendo novos corpos, tocando peles de cores, texturas e histórias diferentes e após isso tudo, eu estive de novo na sua cama, enquanto você não estava. Te ver fora me fez querer voltar, voltar e estar sendo essa que quer ser vista, que quer estar aqui, quer ensinar algo à alguém, eu estive olhando meu rosto durante todo o ano, e eu só queria ter podido me dizer, dizer que há um caminho, sempre haverá um caminho. Agora eu já sei e digo, estou caminhando, mesmo nas pequenas coisas.

Estivemos perto do fim, mas esse é só o começo. O ciclo das decisões está se fechando e agora temos o resto de nossas vidas. 







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