sábado, 10 de dezembro de 2016

Desespero

Então ela me passou o baseado, a seda transparente mostrava o conteúdo esverdeado, na ponta um filtro orgânico, ainda não estava aceso, eu segurei com cuidado. Ela ligava o fogão do outro lado do balcão, estava escuro, calor e nada iluminava aquela cozinha. Nas poltronas velhas a outras duas pessoas estavam sentadas, tentavam descobrir se fulana de tal se chamava Taylor ou Alison, alguém pontuou que esses dois nomes eram unissex, em frações de segundos tudo isso ocorreu. Eu cheirei o cigarro que estava em minhas mão, passando-o com cuidado próximo o nariz, um pouco acima dos lábios, não estava misturado, lembrei que não fumo nada se não kumbayá ou camomila pura, apontei o cigarro para ela, o fogão acesso, a torneira aberta, a luz ainda apagada e as pessoas na sala, ela nem ao menos notou que eu lhe entregava o cigarro, colocava uma leiteira com água na  boca acesa do fogão, viu me gesto, tomou o cigarro de minha mãos e me olhou com reprovação. No lado de cá do balcão, as pessoas abriam umas garrafas de cerveja e alguém começou a falar de politica , sai da cozinha escura e fui até a janela, não estava a noite, ainda faltaria algumas horas para escurecer, mas o céu estava cinza bem escuro e nenhuma luz entrava no apartamento, ninguém se propôs a acender as luzes. Começou a tocar Back to Black, o rádio ainda era a única coisa eletrônica da casa, mas hoje alguém havia trazido um pendrive com uma seleção de músicas, a lista se chamava Sabatina Cinza, mas ninguém estava revendo conteúdo nenhum ali, só se passavam umas músicas tristes, melancólicas e depressivas.

Eu acordei, era quase 15:45, olhei para fora e começava a trovejar, isso me acordou, a luzinha ainda estava ligada, o ventilador também, pelos grudados no suor do corpo, ainda demorei muito para sair do colchão, olhei os raios, quantos raios! Levantei e fui preparar um café, ela estava na cozinha, havia umas pessoas na sala, encostei no balcão, sorri e disse oi, mas queria voltar para quarto. Ela me passou o baseado, a seda transparente e o filtro orgânico, olhei para o cigarro ainda confusa com o que fazer exatamente, acendi o fogo para preparar um café, ela enchia a leiteira de água, a torneira pingando. Estendi o cigarro para ela, tudo estava realmente escuro. Alguém ligou para a Helena, mas ela aparentava grande irritação, o cara deu de ombros e desligou a ligação. Ela veio até mim, pegou o baseado e acendeu no fogo ligado do fogão, passou se estreitando entre meu corpo, o balcão e uma banqueta, dizendo sem emitir nenhum som "little bitch". Fui até a janela e começou a tocar Back to Black, olhei para fora e seguia chovendo, a água na leiteira borbulhava, as pessoas na sala riam e abriam mais uma cerveja. Clima estranho, a sala estava escura e ninguém se quer percebia, fui até o interruptor sem dizer nada, um clique a sala continuou escura, outro clique, ainda tudo escuro. Me sentei ao lado da porta, nessa hora as pessoas me olhavam, fechei os olhos, uma sensação desesperadora começou a tomar conta de mim. Eu acho que quis chorar, mas nem conseguia.

Então, eu acordei, trovejava e chovia muito forte, olhei para trás o ventilador estava ligado, metade de minha camisa estava fora do corpo, a manta estava atirada em um canto do colchão. Na cozinha um barulho de água fervendo, ela estava encostada no balcão, bolando um beck, as telhas de amianto da área de serviço se contorciam com a ventania,sentei e disse que tinha tido um sonho estranho, mas a casa estava escura, desliguei o ventilador e o som mecânico continuava, as luzinhas da cozinha estavam acesas agora, fui até lá e desliguei, estava trovejando muito, colocava café no coador de pano e sempre que olhava não tinha nada dentro, levantei o coador e ele estava rasgado embaixo. Ela me passou o baseado apagado e eu cheirei para ver se era maconha ou kumbaya, era maconha. Devolvi a ela e fui buscar um coador de papel no armário, fechei logo, pois havia uma goteira ali dentro e aquela sensação de desespero, fui até a sala, estava tudo escuro e eu precisava acender a luz, haviam aquelas pessoas nas poltronas velhas, elas riam e abriam uma cerveja, ligavam para Helena e discutiam politica. Começou a tocar Back to Black

Eu acordei desesperada, meu celular estava sem bateria, metade da minha camisa fora do corpo, não achei meu short de dormir, já levantei gritando por Lola, o ventilador estava ligado, as luzinhas do quarto também, aquele som mecânico. Ela apareceu na porta,  Hanna queria entrar ela disse, a Hanna está morta pensei, já nem levantei, virei para parede, fechei os olhos. Uma gritaria e risadas e casa seguia escura, crianças quebravam cascas de castanhas num looping infinito em imagens surreais, que se invertiam e voltavam ao normal e depois invertiam de novo. Eu queria acordar, mas tinha algo que me prendia naquilo tudo, como saio disso? Me perguntei.

Então ela me passou o baseado, a seda transparente mostrava o conteúdo esverdeado, na ponta um filtro orgânico, ainda não estava aceso, eu segurei com cuidado. Ela ligava o fogão do outro lado do balcão, estava escuro, calor e nada iluminava aquela cozinha. Nas poltronas velhas a outras duas pessoas estavam sentadas, tentavam descobrir se fulana de tal se chamava Taylor ou Alison, alguém pontuou que esses dois nomes eram unissex, em frações de segundos tudo isso ocorreu. Eu cheirei o cigarro que estava em minhas mão, passando-o com cuidado próximo o nariz, um pouco acima dos lábios, não estava misturado, lembrei que não fumo nada se não kumbayá ou camomila pura, apontei o cigarro para ela, o fogão acesso, a torneira aberta, a luz ainda apagada e as pessoas na sala, ela nem ao menos notou que eu lhe entregava o cigarro, colocava uma leiteira com água na  boca acesa do fogão, viu me gesto, tomou o cigarro de minha mãos e me olhou com reprovação. No lado de cá do balcão, as pessoas abriam umas garrafas de cerveja e alguém começou a falar de politica , sai da cozinha escura e fui até a janela, não estava a noite, ainda faltaria algumas horas para escurecer, mas o seu estava cinza bem escuro e nenhuma luz entrava no apartamento, ninguém se propôs a acender as luzes. Começou a tocar Back to Black, o rádio ainda era a única coisa eletrônica da casa, mas hoje alguém havia trazido um pendrive com uma seleção de músicas, a lista se chamava Sabatina Cinza, mas ninguém estava revendo conteúdo nenhum ali, só se passavam umas músicas tristes, melancólicas e depressivas.



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