segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Avoir le cul entre deux chaises

Estou aqui para listar, pós bate boca desenfreado e sem medir consequências, os pontos que gosto em você. Veja, fim de semestre, fechamento de notas, entrega de relatórios e para hoje era meu último trabalho, aquele que vinha comentando sobre a Síndrome de Burnout, infelizmente, mas como já era previsto, meu pacote do Office expirou, me fazendo fazer mudanças online e impossibilitando que eu aprimore minha apresentação, ontem eu não havia dormido também e me ocorreu aquele acidente de deixar cair ovo mexido no fogão que eu havia acabado de limpar, tento aqui me justificar, mas as vezes fica difícil relembrar de todas as coisas boas, quando se sente raiva. Aqui estão elas:

Eu gosto do seu cabelo. Gosto de como ele nunca para de jeito nenhum e vive cheio de fios soltos que vão para todos os lados. Gosto da cor dos seus cabelos, aquela cor que você olha e não sabe bem distinguir qual é, fica entre cinza e ruivo, mas quando esta no sol aparenta ser bem mais claro e quando molhado parece um castanho escuro. São finos e desgrenhados os fios e a sensação que tenho é que se embolam com uma facilidade imensa, pior que grudam muito e mesmo quando inundam meu cobertor de soft, eu ainda gosto muito do seu cabelo.

Eu gosto do seu cheiro, estranho dizer isso, mas gosto de sentir seu cheiro na minhas coisas, principalmente na minha toalha, gosto quando você toma banho e fica aquele cheiro amadeirado no banheiro, como se um lenhador acabasse de jogar ali muitas toras de pinho e tivesse deixado molhar por algum tempo e depois secado ao sol. Gosto do cheiro da sua nuca, quando você chega de qualquer lugar, mesmo quando esta muito quente, fica um cheiro meio estranho, como se alguém tivesse esquecido uma azeitona no vão do sofá, é bizarro, mas eu gosto.

Gosto do formato dos seus dedos, esse indicador da mão esquerda é absurdamente torto e as pontas são gordinhas, as junções bem mais grossas, como se você estivesse passado os últimos 25 anos da sua vida estalando os dedos, os dedos médios são desconcertantemente mais altos que todos os outros e o polegar da mão direita parece que foi achatado por piano durante o tempo que você esteve no útero materno.

Eu gosto da sua voz rouca, gosto de como ela invade o ambiente, nem alta, nem baixa, apenas ali rouca, nem masculinizada e nem mesmo feminina, sua voz não se parece com nenhuma voz que eu já tenha ouvido, é diferente, é meio anasalada algumas vezes, é suave e com pouca variação. Mas tantas vezes me lembra Maria Bethânia cantando o Marujo Português.

Acho grande beleza em seu falar macio e seu sotaque carregado, gosto quando você diz que fez "pau na chepaâ"  tantos anos sendo cidadã de Niterói e mais tantos vivendo no Copan, pão é um negocio que você, ma babe, nunca aprendeu a falar e isso é extremamente fofo e adorável.

Eu acho extremamente desagradável, mas ao mesmo tempo gosto (aqui entra aquela dualidade aparente e louca que circunda toda minha existência), quando você agarra qualquer coisa a seu alcance para fazer de microfone e grita desafinadamente "skinny little bitch, starring at the mirror, in your desperation to disappear..." eu tento toda hora te informar que odeio essa música, mas gosto de te ouvir cantar loucamente.

Também quando desanda a falar em línguas que eu não entendo e tenho de ficar pedindo explicações sobre o que significa uma ou duas palavras que eu realmente nunca ouvi na vida e você fica rindo e depois coça a cabeça como quem realmente não se importa em me deixar curiosa, mas você volta e traduz tudo o que havia falado, depois.

Eu gosto da sua risada, gosto quando você ri muito de gatos sentados em roomba, vestindo roupa de tubarão, realmente isso é muito engraçado, eu gosto quando você ri disso, me mostra uma você mais próxima a mim, mais real e tangente na minha vida. Um gatinho vestido de tubarão sentado no roomba, me faz acreditar que tudo esta perfeito, mesmo sabendo que esses momentos são bem poucos, na maioria estamos sendo pessoas dependentes e com sérios problemas de relacionamento.

Eu gosto quando você cozinha, mesmo que as únicas coisas que saiba fazer bem sejam, panqueca e mac'n'cheese, tanto faz, esse macarrão com queijo é um negocio surreal.

Eu gosto quando você acorda bem, 'cause when you wake up "se lever du mauvais pied", o dia fica triste para você e para mim, mas quando você acorda bem e passa grande parte do dia acessa, é realmente muito bonito.

Eu gosto muito mais de você, quando eu acordo bem, nesses dias sinto uma certeza na vida, fico mais alerta e é como se tudo me fizesse parte, eu sinto que te amo esses dias, mas sei que isso logo passa e logo o medo volta, se tratando de você e se tratando de mim, é até bom que seja assim.

Ainda sim, eu gosto, eu gosto que você me poem música de 2003 dizendo que são ótimas e que tiram qualquer um da bad, eu gostei quando fez a lista de sobrevivência para dias ruins na minha conta no youtube, realmente não tem como nenhum dia ruim sobreviver com aquelas músicas, eu gosto quando o seu despertador é Formation da Beyoncé. Gosto da forma como você se mostra alheia a politica, mas de repente se mostra o ser mais politizado existente, gosto quando usa o hidratante de camomila e gosto quando faz uma massagem para estimular circulação sanguínea e evitar hematomas. I really like your dark side! Mas acho que gosto mais quando você é a pessoa comum, que canta com desodorante na mão e que se suja de gordura para fritar(queimar) umas mandiocas.

Estou em um bom dia hoje, não ontem e também não posso afirmar que amanhã será uma maravilha. Tento controlar emoções desproporcionais, dramas, mentiras e afins, como você tenta controlar diariamente seus vícios, lutamos causas diferentes, com a mesma intensidade. Só queria me desculpar por não respeitar espaços as vezes, por não respeitar processos as vezes. Por aqui a luta também é assídua, mas tenho aquela sensação de que assim conseguiríamos ir mais longe ou talvez afundaríamos juntas?  Te gosto, porém ainda sinto um medo quase paralisante do futuro incerto.





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