quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Tolerância

Tenho percebido, minha paciência para lidar bem com algumas situações tem sido pouca. Costumo não julgar as pessoas por terem pensamentos que já tive, mas tem sido extremamente difícil lidar bem com pensamentos divergentes do meu. Uns dias atrás exclui meu facebook pois não conseguia não retrucar coisas que achava ridícula, como citei na limpeza, falsa empatia, hipocrisia e todos os tipos de achismos não embasados, me irritavam. Eu preciso lembrar sempre que já estive e ainda estou do outro lado em diversas situações, mas existem épocas da minha vida que a razão toma a frente de tudo, no momento a razão tem me feito mais dedicada e interessada em meu curso, futuramente minha profissão, mas saber demais nunca fez bem ao meu ego, me tornava mesquinha e noto muito facilmente que quanto mais estudo, mas quero provar algo a alguém. Claro, não tem um alguém especifico e também não faz grande sentido, mas aos poucos consigo entender.

De onde veio!? 
Tive uma educação muito boa ao meu ver, há que diga que meus pais não souberam me educar, que sou vagabunda e não faço um nada, nunca. De fato, meus pais não foram os melhores a me ensinar o valor que o dinheiro tinha e como era difícil conquista-lo. Desde muito nova sempre fui bem mandona, péssima em trabalhos em grupo, amante do individual. Em parte se deve ao grande tempo que passei com minha mãe, aos 6 anos de idade eu podia discorrer com muita certeza sobre animais vertebrados, invertebrados, bípedes, quadrúpedes e marsupiais. Também já sabia quem foi Copernico, Thomas Edson, que por acaso nasceu no mesmo dia que eu, Galileu e Maria Montessori. Minha mãe fez o melhor que pode, mas as aulas que me dava em relação ao mundo prejudicaram minha conquista social, já que percebi muito logo que ninguém sabia coisas que eu sabia, que as crianças da mesma faixa etária não conversavam sobre as coisas que eu conversava, que enquanto eu queria brincar de testar tatu-bola na água elas queriam pular elástico, brincar de pega e imitar a xuxa. Não digo que era melhor, só tive um início de vida diferente, minha mãe sempre me diz que eu era uma criança diferente, mas também me disse várias vezes que eu era igual. Querendo ou não eu, naquela época me achava boa demais para o mundo, no sentido de estar sempre sabendo mais que alguém, foi assim até a graduação, mais precisamente até conhecer a Nabila, que como ela mesma dizia: me pôs no meu lugar, já que eu teimava em me achar mais do que realmente era.

Minha mãe sempre me disse que eu era muito boa, escrever, desenhar, discorrer, persuadir, discursar. Minha mãe me dizia que eu era muito inteligente, curiosa e autodidata, antes do ensino médio percebi que o mundo gostava mais da aparência e crianças, quando não bem instruídas podem ser cruéis, minha prima uma vez me disse que os meninos não iam gostar de mim porque eu era chata e dentuça, que eu era magra demais e todo mundo gostava mais de menina branca, nessa idade, meu sonho era ser loira de olhos claros( na classificação do ibge, sou branca, tenho privilégios brancos, nunca nada foi me negado justamente por ser branca) naquela época me neguei a ler Mauricío de Souza, sorte que tinha ganhado uma coleção inteira de quadrinhos da Mandame Min e de Maga Patológia, que aposto meu dedo, a geração de hoje não faz ideia de quem sejam, elas eram bruxas e muito perspicazes, naquela época eu já tinha noção de maldade e mesmo assim eu mentia, era a forma mais fácil de elevar minha autoestima, que por conta da aparência, que veja bem, não é tão ruim assim, mas que na época estar fora do padrão me atingia muito.

Não consigo entender por que, mas mesmo com os esforços da minha mãe, fui construída com uma auto estima deplorável, especialmente no que dizia respeito a como eu era aparentemente, a inteligencia e o conhecimento se tornaram algo ao qual eu me gabava de ter, meu prazer em humilhar, consistia em estar sempre me sentindo menos que todos eles, naturalmente, para uma pessoa em formação todas essas questões foram cruciais. Não há porque se gabar por ter tido privilégios que outros não tiveram, no caso eu tinha acompanhamento na escola, minha mãe me levava periodicamente a biblioteca da cidade, liamos juntas, estudei em escola particular até o segundo ano do fundamental e logo voltei para um colégio particular para fazer o médio.        

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