sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Bandolins

Eu não tinha certeza do que estava fazendo, de fato nunca tenho. Queria abrir aquela porta e poder lhe dizer que está tudo bem, mas não, essa insegurança não me permite fazer-lo. Daqui eu posso ouvir,  como fosse um par, que nessa valsa se desenvolvesse ao som dos bandolins, como não? Por que não dizer que o mundo respirava mais se ela apertava assim, seu colo,  como se não fosse o tempo, que já fosse impróprio se dançar assim, ela valsando, só na madrugada, se julgando amada ao som dos bandolins, os olhos se enchem d'Água, mas o coração esquece, ele perdoa, se acomoda e a vontade a fará voltar atrás.

Eu queria não ter esse coração de manteiga, eu queria ter essa mente longe o suficiente para não ter te olhado nos olhos, eu queria estar usando toda a droga que a há no mundo, mas estou aqui e daqui eu posso ouvir, as lágrimas caindo no chão gelado e as mãos suando.

Agora a música parou, ela está sussurrando algo, mas aqui no fundo não se pode escutar, eu queria abrir a porta e lhe dizer, ei, volta! Ei, fica comigo, só mais hoje, só por esse instante. 

Agora o choro cessou, eu acredito que amanhã haverá flores amarelas no gramado, eu ia querer mostrar para ela, dizer que a dor acabou, mas eu sei, ela vai sentir isso ainda tantas vezes, tantas vezes. 

Eu queria que ela realmente não tivesse esse coração de manteiga, queria poder voltar atrás, poder abrir aquela porta gritando, ei! O que pensa que está fazendo? Ei, acalma esse coração! Mas daqui, os sons não a deixam escutar , valsando, como valsa uma criança, que entra na roda a noite está no fim, ela teimou e enfrentou o mundo, se rodopiando ao som dos bandolins. 

Agora, eu apenas paro de querer, esse sentir ainda estará aqui presente, algum tempo mais e eu poderei abrir a porta e lhe dizer, ei, uma vez mais, nós conseguimos! 

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